quarta-feira, 29 de agosto de 2007

História da Freguesia

Esta freguesia só muito recentemente - 4 de Outubro de 1985 - obteve a sua autonomia administrativa. Porém, em termos eclesiásticos, esse desiderato foi conseguido a 29 de Junho de 1956, quando D. João Evangelista de Lima Vidal, bispo de Aveiro, atento ao desenvolvimento e aumento populacional da zona, instituiu a paróquia de Santo André de Vagos. A freguesia é constituída pelos lugares de Ervedal, Sanchequias, Santo André, S. Romão, Vergas e Vigia. Os seus limites, a nascente, seguem o curso do rio Descritivo Histórico Boco, afluente da ria de Aveiro. A paisagem é notável, o que levou Sant’Anna Dionísio a anotar no Guia de Portugal:“Há ribas macias de relva, angras de água dormente e biombos de arvoredo, em sucessivos planos, para as bandas das terras baixas do Boco, que estão à espera, parece, dum pintor com escritos ou em férias“. O território da freguesia parece ter sido povoado desde tempos muito recuados. É possível que por aqui tenham andado Gregos e Fenícios, estes por volta do século IX a . C. e, junto ao Boco, no lugar de S. Romão, terá mesmo existido um porto muito frequentado por esse último povo. A Toponímia, como ciência auxiliar da História, encontra aqui um largo campo de observação. Entre S. Romão e Quintã existem restos de uma ponte, denominada “Pontes do Porto”. Próximo deste local há uma fonte a que chamam “Fonte do Rio D’Alem“. Entre Ouca e S. Romão temos um sítio chamado “Ilhote“, onde terá existido uma ilha na qual estaria sediado um estaleiro naval romano; a este local ainda hoje chamam “Embarcadou-ro“. O lugar de Vigia pensa-se que deve o seu nome a uma torre que defendia esta região dos ataques de pirataria, e o topónimo Sanchequias estará intimamente ligado à presença de D. Sancho I nestas paragens. Este nosso segundo rei, outorgou foral a S. Romão, segundo uns, em 1190, segundo outros, em Janeiro de 1212. Datas à parte, do que não restam dúvidas é que o senhorio da povoação foi entregue a João Fernandes e sua esposa Marinha Moniz. Seguidamente, a posse seria de Fernando Anes passando posteriormente a pertencer aos Crúzios do Mosteiro de Grijó. Nogueira Gonçalves no "Inventário Artístico de Portugal", refere-se tanto a S. Romão como a Santo André, isto ao tempo em que a freguesia era meramente eclesiástica. Sobre a igreja dedicada a Santo André, diz que “se levanta isolado o pequeno templo, voltado a poente, em montículo definido por breve córrego que desagua na ribeira do Boco. Obra corrente, muitas vezes renovada, de torrezita à direita, lado a que se lhe encosta o cemitério. A escultura do padroeiro, de calcário, data do século XV final“. Actualmente e desde 1983, possui a freguesia uma artística e moderna igreja, digna de ser visitada. Quanto a S. Romão, o mesmo autor diz: "Aldeia desta nova divisão de Santo André, junto ao sulco de água referido, cujas rendas andaram anexas à Senhora de Vagos. A capela é de tamanho comum, muito renovada e modernizada. Uma das casas conserva, no topo, duas janelas de vão e de pano de peito rectangulares e, intermediamente, um escudo de armas do final do século XVIII, tudo em pedra de Ançã". Esta casa é uma das mais antigas do concelho de Vagos e, segundo a tradição, aí terá funcionado a cadeia. A voz do povo, transmitida através das gerações, diz também, que na freguesia existiu uma ermida dedicada a Santo André, que terá sido um hospício dos Templários. Sobre isto, já em 1890 dizia o Abade de Miragaia que "não há, porém, o mínimo vestígio deste hospício, se é que ele existiu"

Sem comentários: